terça-feira, 17 de março de 2009

OS 39 DEGRAUS (1935)

Os 39 Degraus
The 39 Steps (1935)
Dirigido por Alfred Hitchcock

Apesar de constantemente citado entre seus mais importantes trabalhos e certamente o mais popular filme de sua fase britânica, Os 39 Degraus não se tornou parte do consciente popular como as futuras produções de Alfred Hitchcock se tornariam. Tal fato não deve desmerecer a obra que, apesar de mostrar um diretor ainda em fase de amadurecimento, é capaz de se sustentar no cannon do mestre do suspense como um de seus grandes feitos.

Podendo ser considerado o arquétipo do que viria a se tornar um tradicional filme de Hitchock, Os 39 Degraus introduz temas que se tornariam recorrentes em suas futuras obras: a história do “homem errado” perseguido por um crime que não cometeu; a figura da mulher loira fria, cínica e dominadora; e finamente, o uso do MacGuffin, um recurso narrativo utilizado para mover a história mas, que ao final das contas, revela possuir pouca importância no grande cenário. Os mais familiarizados com a filmografia do diretor poderão estabelecer uma conexão entre esta produção e filmes como Ladrão de Casaca, O Homem que Sabia Demais e, especialmente, Intriga Internacional de 1959. É possível caracterizar Os 39 Degraus como o rascunho de uma obra de arte, que seria refinada e receberia os toques finais com o filme estrelando por Cary Grant.

Em Os 39 Degraus somos apresentados ao canadense Richard Hannay (Rober Donat) que acaba tendo um encontro ao acaso com Anabelle Smith (Lucile Manheim), uma espiã que diz ter descoberto um plano que pretende levar informações secretas para fora da Inglaterra. Quando a moça é assassinada em seu apartamento, Richard acaba sendo acusado injustamente pelo crime e é obrigado a fugir para a Escócia, seguindo as pistas deixadas pela mesma. No país ele acaba caindo nas mãos da organização por trás do assassinato de Anabelle e, para escapar e desvendar o mistério ele conta com a ajuda da atraente Pamela (Madeleine Carroll). Sendo uma trama de Hitchcock, diversas reviravoltas podem ser esperadas até o final, sendo que a revelação dos ditos 39 degraus acaba sendo a de menor importância (vide o MacGuffin).

Mesmo não apresentando o requinte técnico e visual de suas futuras produções americanas, Os 39 Degraus apresenta um diretor educado nas escolas cinematográficas alemãs e russas. Hitchcock já demonstra seu talento na composição de quadros e sua edição já se mostra eficaz o bastante para criar emocionantes cenas de ação e suspense, valendo destacar uma perseguição ambientada em um trem que oferece uma prévia de momentos semelhantes em A Sombra de uma Dúvida e Intriga Internacional. Enquanto não apresentam um profundo estudo de psique, os personagens são iluminados por brilhantes momentos de diálogos. Podemos destacar as cenas guiadas por um humor cínico entre Robert Donat e Madeleine Carrol, tais sendo carregados de certa dose de tensão sexual – basta dizer que um ousado momento envolvendo algemas e meias-calça provavelmente não teria sido aprovado por censores americanos. O enredo em si não nos permite múltiplas interpretações como muitas das melhores obras do mestre (e se tantas comparações com seus demais filmes são feitas é porque parecem são inevitáveis), mas isso não altera o fato de que Os 39 Degraus foi um importante passo na carreira ascendente do então jovem Alfred Hitchcock, e provavelmente o primeiro filme que o fez ser notado internacionalmente. Mesmo não apresentando a mesma profundidade de outros de seus trabalhos, merece seu lugar entre os melhores filmes do diretor. Deixe as interpretações freudianas para Um Corpo que Cai. Esse aqui é simplesmente puro Hitchcock por Hitchcock.

Por Matheus Mocelin Carvalho

segunda-feira, 16 de março de 2009

Créditos iniciais

Caros leitores,

Dou início ao novo blog com rápidas introduções. Me chamo Matheus Mocelin Carvalho e sou estudante do curso de jornalismo. Cinéfilo convertido desde o momento em que ganhei uma fita VHS de A Bela e a Fera aos seis anos de idade (sim, o animado Disney), filme ao qual culpo minha subsequente paixão pela sétima arte.

Nos últimos anos, além de um mero admirador também tenho me aventurado no território da crítica cinematográfica. Infelizmente, devido ao tempo (e vontade), a idéia de um blog sempre acabava caindo por terra, mesmo após uma tentativa inicial. Agora, devido ao incentivo (e a necessidade de nota) da disciplina de Webjornalismo, dou início ao Confissões de Cinéfilo. O título (inspirado no Marnie: Confissões de uma Ladra do mestre Hitchcock) pode/deve ser mudado assim que uma idéia melhor surgir.

A idéia do blog é postar críticas mais profundas ou apenas comentários curtos de filmes favoritos ou de outras produções a medida que as assisto. Como este número tem reduzido drasticamente este ano por uma série de fatores, é possível que as atualizações não sejam tão frequentes quanto eu desejaria (assim como o número de filmes assistidos).

Entre as críticas e comentários, também haverá a publicação de algumas notícias que nada tem a ver com o resto - na verdade elas são trabalhos que fazem parte da disciplina e estão ali para agradar a professora, hehe (confessão #1)

Para começar, coloco no ar um texto um pouco mais antigo de uma das melhores obras de meu diretor favorito: Os 39 Degraus de Alfred Hitchcock.

Comentários, reclamações e xingamentos são (quase) sempre bem-vindos